palácios é um projeto de reconhecimento do vazio através da documentação fotográfica, sobre a ocupação da luz do corpo da obra no espaço (montagem) e a finalização integrada.

o fim - esse grande estatuto pós-modernista

quando acordamos permitimos ao tempo que nos resolva a vida; permitimos aos homens que nos transportem. esses, à partida, serão os nossos últimos dias, as nossas últimas rezas. e se, ao acordar, o dia responder a uma pergunta, podemos voltar a adormecer. porque rezamos? porque acordamos? não será acordar sinónimo de morrer? a morte, essa será sempre a nossa principal reza; sim, porque a vida já não permite a espera, já não alcança a arte e as formas intemporais do corpo humano. a arte já não é humana! definhe-se no estatuto da morte; a morte não é vida; a morte não é humana. porque não existe apenas um fim? os fim(s) são como a verdade, não existe apenas uma. estes tempos são de verdade(s), são o espelho do que não existe, ou do que parece existir. a sociedade já não caminha, rasteja. os homens são absorvidos pelas doenças e as doenças são o futuro do homem, são a tão esperada dicotomia sob o signo do bem e do mal; elas são o nosso equilíbrio, a esperança de voltar. no estatuto de ser vivo nunca será permitido voltar a viver; no estatuto da morte estão os valores reais, os topoi da história e das <i>estórias</i> dos homenzinhos de hoje. e é nesta ficção que está o fim. para que tudo volte nesta tão singular palavra: (de) terminação. este é o último sulco de saliva, o respirar final da vontade humana. o nosso maior dualismo esculpe-se sob o pluralismo universal do olhar final e do choro à morte, como se a vida, algum dia, respirasse.

 
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